quarta-feira, 23 de junho de 2010

Relações entre Arte, Artista e Grande Público

RELAÇÕES ARTE, ARTISTA, GRANDE PÚBLICO E CRÍTICO SOCIAL.

Reflexões sobre Arte,

Professora Doutora Maria Inês Hamann Peixoto


A educação como fenômeno exclusivo, como característica propriamente humana, constitui a criação social de uma segunda natureza, esta de ordem social, no/pelo homem, dado que a primeira lhe é conferida pelo simples fato de ter nascido de seres humanos. No entanto, nascer humano não garante ao homem que ele assim se torne. Afinal, segundo MANACORDA, o papel da educação como processo de hominização, é de tornar realidade histórica, datada, o que figura, de início, como possibilidade, ou seja, de dotar o homem concreto “de um desenvolvimento completo, multilateral, em todos os sentidos das faculdades e das forças produtivas, das necessidades e da capacidade de satisfazê-las”.

Dando continuidade a essa reflexão, OMINILATERALIDADE é a chegada histórica do homem a uma totalidade de capacidades e, por conseguinte, a uma totalidade de consumo de satisfações, sobretudo, a satisfação dos bens/necessidades espirituais, além das materiais dos quais o trabalhador tem sido excluído em consequencia da divisão de trabalho. Daí pensarmos e concordarmos com alguns autores, que o homem omnilateral, completamente desenvolvido é a grande meta da educação. Porém, na sociedade de classes, desenhada pela desigualdade e na exclusão social, essa meta não é posta, concretamente, a todos os indivíduos.

Para lembrar SAVIANNI, o contexto da ciência, técnica, tecnologia, da ética, da arte e também da religião, estabelecido historicamente, compõe o mundo da cultura, construído pelo homem no processo de produção de sua existência. Nesse contexto cultural, todos concordamos, naturalmente, que a educação se desenvolve abarcando a produção de idéias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes e habilidades.

Mas, o que eu senti, mesmo antes de idealizar “UMA INSTALAÇÃO DE ARTE EM CONSTRUÇÃO”? QUE DESEJO, QUE PAIXÃO, QUE OLHAR me levaram a isso? As mãos que tocam com o olhar e/ou com as mãos, a obra de arte, o objeto artístico se transformam em obra de arte coletiva e diálogo com o público.

Portanto, concluo, mais uma vez, que um certo desejo de justiça social e de paz, de amor e prosperidade está cada vez mais intimamente cristalizado no DNA dos seres humanos e do homem concreto. Compartilhar desejos de justiça social e paz, através da arte e das expressões culturais, fortifica a prática científica e ajuda na construção da arte contemporânea conceitual, da arte social e da arte-educação, enquanto instrumento de religare, na perspectiva da superação/transformação da sociedade.

Segundo CANCLINI, a arte é vista em três níveis: A Arte Elitista, a arte para as massas e a arte popular. A arte aqui proposta tem uma conotação singular. É uma arte simples, verdadeira, honesta e de grande significado. Pretende marcar nesse encontro de Assistentes Sociais uma proposta de humanização e libertação do homem, através da aproximação daquele que produz com aquele que consome, sendo estes, como partícipes de um mesmo e único processo vital.

Aqui me refiro à arte como forma de conhecimento, ou seja, a arte como verdade. Essa posição lê-se nos clássicos confirmando as relações complexas e às vezes contraditórias da arte em relação à sua natureza ideológica. A “arte como forma de conhecimento” diz respeito à aproximação da arte à realidade, ou seja: o artista se aproxima da realidade a fim de captar suas características essenciais afim de refleti-la, mas sem dissociar o reflexo artístico de sua posição diante do real, isto é, do seu conteúdo ideológico. Neste sentido, a arte é um meio de conhecimento.

A forma de aproximação da arte à realidade não deve chegar a se transformar em falso realismo. Segundo VASQUEZ, a arte só pode ser conhecimento-conhecimento específico de uma realidade específica; o homem como um todo único, vivo e concreto - transformando a realidade exterior, partindo dela para fazer surgir uma nova realidade ou obra de arte. O conhecer artístico é fruto de um fazer; o artista não converte a arte em meio de conhecimento copiando a realidade, mas construindo outra nova. A arte só é conhecimento na medida em que é criação. Tão somente assim pode servir à verdade e descobrir aspectos essenciais da realidade humana. Assim, a arte vai do concreto real ao concreto artístico para então retornar ao concreto real, já agora enriquecido pela reflexão/criação artística.

Concluindo nosso ensaio: criar é fazer existir algo inédito, um objeto novo e singular que, ao mesmo tempo expressa o sujeito criador e o transcende enquanto portador de um conteúdo de cunho social e histórico e enquanto objeto concreto, uma nova realidade.



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ESTAÇÃO DO FUTURO


Brasil, 23 de junho de 2010

Ana Felix Garjan
Departamento de Artes, Cultura, Literatura e Projetos Especiais
Universidade Planetária do Futuro - Grupos Artforum Brasil XXI

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Somos Todos Precursores do Futuro que não tem ponto final
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